A exaustão emocional de acompanhar escândalos políticos todos os dias

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A exaustão emocional de acompanhar escândalos políticos todos os dias
27/11

A exaustão emocional de acompanhar escândalos políticos todos os dias


O Brasil acorda e dorme com notícias de escândalos políticos. A cada nova denúncia, nova gravação, nova investigação, o país inteiro parece entrar num ciclo de indignação, desconfiança e cansaço profundo. E mesmo quem tenta se afastar acaba sendo atingido: no grupo da família, no trabalho, nas redes sociais, nos vídeos que viralizam sem pausa. A política virou ruído permanente — e a mente não aguenta viver nesse volume por tanto tempo.

A exaustão emocional nasce da repetição. É como carregar um peso que nunca muda, mas que sempre ganha mais camadas. A cada novo escândalo, surge a sensação de que nada melhora, de que tudo é igual, de que o país anda em círculos. Essa percepção desgasta porque alimenta um tipo de desesperança que é difícil de lidar. As pessoas começam a pensar: “Pra quê me importar, se nada muda?”

O problema é que, mesmo exausto, o brasileiro continua acompanhando. É como se houvesse uma obrigação silenciosa de entender, de se posicionar, de reagir — porque cada notícia parece impactar diretamente a vida real. Mas acompanhar tudo isso tem um preço emocional alto.

A mente entra em modo vigilância, sempre alerta para o próximo escândalo, a próxima briga, a próxima crise. E viver em alerta constante gera ansiedade, irritabilidade, insônia, dificuldade de concentração e até sintomas físicos, como dor de cabeça e cansaço extremo. O corpo responde como se estivesse diante de um perigo constante.

O mais silencioso de tudo é o desgaste afetivo. Muitas pessoas param de confiar em instituições, nos políticos, nos serviços, e até umas nas outras. Essa perda de confiança afeta o humor, as relações, a esperança no futuro. O clima social fica mais pesado, mais tenso, mais agressivo — e isso atinge todo mundo, mesmo quem tenta se manter “neutro”.

O excesso de escândalos também cria o que especialistas chamam de fadiga moral: um cansaço que vem de presenciar injustiças repetidamente sem conseguir fazer nada. É sentimento de impotência misturado com revolta — uma combinação que desgasta profundamente.

Reduzir a exposição não é ignorar o país. É proteger a própria sanidade. Filtrar as fontes, limitar o tempo de notícias, evitar mergulhar em discussões intermináveis… tudo isso ajuda a recuperar o equilíbrio.

A política não vai desaparecer, e os escândalos, infelizmente, também não. Mas a forma como cada pessoa lida com isso pode — e precisa — mudar. A mente não foi feita para absorver crises o tempo todo. Às vezes, o maior ato de cuidado é simplesmente respirar e desligar.