Crises no SUS: o impacto emocional de conviver com filas e falta de médicos

  • Home
  • Blog
  • Crises no SUS: o impacto emocional de conviver com filas e falta de médicos
Crises no SUS: o impacto emocional de conviver com filas e falta de médicos
25/11

Crises no SUS: o impacto emocional de conviver com filas e falta de médicos


Para muitos brasileiros, ir ao SUS não é uma escolha — é a única possibilidade. E é exatamente por isso que as crises no sistema, com filas cada vez maiores e falta de médicos, acabam provocando um impacto emocional muito mais profundo do que se imagina. A espera não é só física. Ela desgasta por dentro.

Quando alguém chega a uma unidade de saúde e encontra tudo lotado, a sensação imediata é de insegurança. É o medo de não ser atendido, o receio de que o problema piore enquanto a fila não anda, a angústia de olhar ao redor e perceber que todo mundo ali também precisa de ajuda. A ansiedade já começa no momento em que a senha é retirada.

A falta de médicos intensifica essa tensão. Ver uma sala com dezenas de pessoas e apenas um profissional atendendo gera um sentimento de abandono coletivo. As pessoas se olham com expressão cansada, como se dissessem: “A gente está sozinho”. E ninguém deveria se sentir sozinho quando o assunto é saúde.

O impacto emocional vai muito além da irritação ou do estresse. Para quem convive com doenças crônicas, cada atraso pode significar mais dor, mais incerteza, mais medo. Para mães que levam filhos pequenos, a espera vira um tormento constante. Para idosos, a sensação de vulnerabilidade aumenta ainda mais. É como viver com uma pergunta silenciosa na cabeça: “E se alguém não resistir até ser atendido?”

A rotina também sofre. Pessoas perdem dias de trabalho. Perdem compromissos. Perdem energia. E, com o tempo, começam a perder esperança. Essa exaustão emocional se acumula, criando um sentimento de cansaço social — aquele que a gente sente, mas não sabe explicar completamente.

O Brasil inteiro conhece alguém que desistiu de procurar atendimento depois de esperar horas e não conseguir. E essa desistência também machuca. Ela gera sensação de impotência, de injustiça, de desgaste emocional profundo. É o tipo de experiência que passa a influenciar o humor, o sono, as conversas e até a confiança das pessoas no futuro.

A crise do SUS não é só sobre recursos. É sobre dignidade. É sobre o peso psicológico de um sistema que deveria amparar, mas muitas vezes acaba machucando. E esse impacto emocional, silencioso e coletivo, é um dos maiores sinais de que a saúde pública no Brasil precisa ser tratada como prioridade — não apenas política, mas humana.